
Maarten de Jong estava em busca de um voo. Buscou por sites de companhias aéreas o avião que o levasse até à Malásia. Lá encontrou um: a troco de “mais de 1000 euros”, partiria de Amesterdã, na quinta-feira, às 13h15 e, várias horas depois, aterraria em Kuala Lumpur, capital Malásia. Esse avião nunca chegou ao destino — caiu na Ucrânia, a cerca de 50 quilómetros de Donetsk, perto da fronteira com a Rússia, após ser atingido por um míssil. Morreram 298 pessoas. Maarten, contudo, não foi uma delas.
Mas esteve para ser. Mesmo. “À última hora decidi trocar de voo, quando encontrei outro que era 300 euros mais barato. E já havia só um lugar disponível”, contou De Jong, citado pelo AD, um diário holandês, ao recordar o momento que, “por querer economizar”, lhe “salvou a vida”. O holandês, de 29 anos, pretendia voar para a Malásia de modo a reunir-se com a Terengganu Cycling Team, a equipa de ciclismo à qual pertence (e que está sediada no país).
Não foi na quinta-feira. Mas já tem voo marcado para domingo. O tal que descobriu já quando pouco tempo restava para o avião da Malaysian Airlines descolar. “Tinha pensado voltar [a 17 de julho] porque os meus pais tinham tempo para me levarem ao aeroporto”, revelou, sem esconder a preocupação que, agora, aflinge os seus progenitores. E à qual respondeu com ironia: “Já tive sorte duas vezes, e há sempre uma terceira.”
Ou seja, houve uma primeira vez. Quando? A 8 de março — sim, e desta vez foi com o voo MH370, também da Malaysia Airlines, que desapareceu após descolar de Kuala Lumpur, com destino a Pequim. E aí, Maarten de Jong chegou a estar no aeroporto e a cruzar-se com grande parte das 239 pessoas que embarcariam no Boeing 777. “Ainda tenho na cabeça as pessoas que seguiram no voo e que vi na sala de espera, a conversarem”, garantiu.
Nessa ocasião, De Jong comprou um bilhete para outro voo, com ligação direta a Pequim, pois não queria fazer uma escala. O avião do holandês partiria 50 minutos antes de o da Malaysia Airlines descolar, e seria o único a chegar ao destino. “É muito estranho que, pela segunda vez, não tenha apanhado um voo da Malaysia Airlines”, reconheceu hoje o ciclista.
Fonte: Observador